Sementes, folhas, raízes, minerais, óleos, cinzas, insetos e até restos de animais. Realmente não existiam as tinturas como conhecemos hoje, mas que a humanidade dá um jeito de mudar a cor dos cabelos há milênios, isso já tá mais do que provado. A história da coloração capilar remonta a tempos muito antigos. No entanto, ela já percorreu uma longa caminhada até chegar nos produtos de alta tecnologia que conhecemos atualmente.

Antes de tudo, já adianto que esse é um assunto interessantíssimo, com muitas curiosidades. Algumas dessas práticas antigas permanecem preservadas até hoje. Outras, já foram superadas. Por fim, há ainda as que surpreendem pelo nível de conhecimento sobre os cabelos que nós alcançamos.

A história da coloração de cabelos é muito antiga
(Imagem: Pintura antiga sobre os costumes no Império Romano)

Que tal conhecermos um pouco mais sobre a história da coloração capilar?

Uma prática milenar

Alguns dos registros mais antigos de coloração capilar de que se tem notícia datam de 3.000 anos a.C. Eles foram encontrados em múmias egípcias. No entanto, suspeita-se que já na pré-história nós coloríamos nossos cabelos. 

Entre todos os materiais citados no início deste artigo, já era bastante conhecido o uso da hena, uma planta originária da África e da Ásia. É dessa planta que se extrai um dos corantes mais famosos no mundo todo.

Hena é uma matéria-prima que está presente na história da coloração capilar
(Imagem: Dorina Stati / Pexels)

Não falei que algumas das práticas antigas estão preservadas? Pois essa é uma delas. Até hoje, a hena é usada. Ela está presente tanto na maquiagem como nos cabelos, nas sobrancelhas e até para fazer tatuagens temporárias.

Nos cabelos, as cores mais comuns que se consegue obter a partir da hena são castanho escuro, castanho médio, castanho-avermelhado, vermelho e laranja. A princípio, tudo depende da cor natural dos fios. Por milênios, as técnicas conhecidas permitiam somente o escurecimento. O máximo que se conseguia era algum clareamento de tom com longas exposições ao sol ou o uso de chás como camomila. Já o clareamento de verdade, ou mesmo a descoloração, só foram descobertos na era moderna.

Cleópatra: a primeira empoderada

Mas, voltemos aos tempos mais antigos. Mais precisamente há mais de dois mil, anos uma mulher empoderadésima marcaria para sempre a história da beleza. Estamos falando de Cleópatra, a rainha do Egito. Seus cabelos negros e curtinhos com franja eram referência e as mulheres da época. Todas se esforçavam por escurecer seus fios para ficarem como a rainha.

A rainha do Egito Cleópatra ditava moda já naquela época com cabelos pretos
(Imagem: Wikimedia Commons)

Naqueles tempos, os materiais mais usados eram a hena ou o kohl. Este, por sua vez, era um pigmento negro em forma de pasta. Ele era obtido a partir da mistura de carvão, cinzas e um mineral chamado malaquita. Mais tarde, descobriu-se que a mistura era tóxica e novas fórmulas para o kohl – usado até hoje – foram criadas. Entretanto, dessa vez, sem os ingredientes prejudiciais.

E a vaidade segue história adentro

Geralmente, os rituais de beleza e vaidade demarcavam a classe social à qual tanto a mulher quanto o homem pertenciam. Mais ou menos pelos anos 500 d.C., na Grécia, foi quando surgiram os primeiros “profissionais” especializados em cabelos. As mulheres nobres procuravam por esses serviços e tingiam os fios de vermelho. Por outro lado, a “classe média” era demarcada pelo loiro e as pessoas mais humildes, pintavam de preto.

Na sequência, os séculos se desenrolam até que uma nova rainha passa a ditar tendência. Elizabeth I, da Inglaterra, com seus cabelos naturalmente ruivos. Ela simplesmente redefiniu o conceito de elegância na Europa dos anos 1500. Foi uma verdadeira corrida pelos fios em tons mais alaranjados (que aliás estão muuuuito em alta há algumas temporadas, né?).

Elizabeth I foi a primeira a criar a moda dos cabelos ruivos
(Imagem: Wikimedia Commons)

Até aqui, as colorações ainda eram à base de minerais, rochas, óleos, plantas e restos de animais. Algumas fórmulas contavam com metais pesados e altamente tóxicos tanto nas tinturas para cabelos como nas maquiagens.

Ciência muda a história da coloração capilar

Entre os séculos 19 e 20, a humanidade viveu um período de grande avanço científico. Nessa época, fazíamos nossas primeiras grandes descobertas no ramo da química. Obviamente a colorimetria capilar não ficou de fora. Foi em 1863 que um químico alemão chamado August Wilhelm von Hofmann descobriu um produto chamado parafenilenodiamina. Esse produto também ficou conhecido como PPD.

Tal elemento é um dos que chamamos de precursores. Falamos sobre eles aqui. O PPD, quando oxida, cria pigmentos muito eficazes especialmente na cobertura de cabelos brancos. Com essas descobertas, em 1907 o também químico Eugéne Schuller, agora na França, criou a primeira tintura comercial segura.

O químico francês Eugene Schuller é parte importante da história da coloração capilar
(Imagem: L’Oréal)

Embora o PPD ainda esteja presente em nas colorações até hoje, não demorou muito para que as pesquisas avançassem. Rapidamente os químicos saíram em busca de produtos cada vez mais seguros para a saúde e o meio ambiente.

Empolgado com o sucesso de suas descobertas, Schuller não parou por aí. Pouco tempo depois, ele também criou fórmulas para clareamento dos fios. Além disso, ele também foi o inventor do teste de mechas. Essa técnica é utilizada até hoje para evitar riscos com qualquer procedimento químico nos cabelos.

E a Ox?

Ah, sim, a essa altura a Ox, ou água oxigenada ou ainda o peróxido de hidrogênio (tudo a mesma coisa rs) já tinha sido descoberta. A invenção dessa vez foi do químico britânico E. H. Thiellay com o cabeleireiro Leon Hugot, da França, em 1870. Os dois descobriram que o ambiente alcalino proporcionado pela Ox causava menos danos aos cabelos. Por sinal, isso diminuía inclusive as quedas provocadas pelas tinturas da época.

A invenção da água oxigenada foi um grande avanço na história da coloração capilar
(Imagem: cottonbro / Pexels)

O papel da Schwarzkopf na história da coloração capilar

O mundo da coloração é cheio de inovações e é impossível falarmos dessa história sem citarmos o químico alemão Hans Schwarzkopf. Como dá pra deduzir, seu sobrenome é hoje uma das marcas para cabelos mais famosas do planeta.

No início, ele se dedicava à criação de shampoos inovadores, tanto que Schwarzkopf foi a primeira no mundo a fabricar shampoos líquidos. Foi em 1947 que a marca lançou a sua primeira coloração permanente, já batizada de Igora. Tantas décadas depois, esse nome ainda está entre as melhores colorações do mundo.

Igora Royal está entre as melhores tinturas do mundo
(Imagem: Schwarzkopf)

Desde então, as inovações e descobertas nunca mais pararam. Logo em seguida surgiu a Igora Royal, primeira coloração em creme. Em seguida, surgiram os shampoos tonalizantes e de preservação da cor. (Um adendo: por muitos séculos, as tinturas eram em pó!).

E hoje, temos produtos hiper avançados. Um dos exemplos é a linha Essensity, que é sem amônia e sem derivados de petróleo. Ou ainda a linha BlondMe, com alta tecnologia para loiros. São produtos de altíssima qualidade que garantem loiros saudáveis, brilhantes e duradouros.

Consumo consciente e tecnológico

Hoje, a Schwarzkopf atende a inúmeros princípios da sustentabilidade e do consumo consciente. A marca vem aprimorando constantemente suas matérias-primas. Ao mesmo tempo, a empresa trabalha na redução sistemática de testes em animais. Vários dos seus produtos já não passam mais por esse tipo de teste.

Enquanto isso, há todo um trabalho com as embalagens, que são cuidadosamente desenvolvidas. Recentemente, toda a linha Igora foi renovada. Agora, ela chega às mãos das consumidoras em caixas de papelão, bisnaga de metal e tampa de plástico. Tudo feito com 100% de material reciclado. Toneladas de resíduos sólidos que iriam para a natureza todos os anos são reaproveitados.

(Imagem: Schwarzkopf)

São as voltas que o mundo dá. Lembra que lá no início comentei aqui sobre os óleos, plantas e sementes que eram a base das primeiras tinturas da história da coloração capilar? Pois é. De certa forma, retornamos aos mesmos princípios. A diferença é que agora acumulamos um conhecimento absurdo sobre o cabelo e suas estruturas, bem como sobre o couro cabeludo.

Além disso, também pesquisamos sobre todas essas matérias-primas que já passaram pelas nossas mãos em infindáveis rituais de beleza. Já descobrimos o que é bom, o que nos faz mal e o que não tem tanta eficácia. Tudo isso faz com que o consumo se torne cada dia mais sustentável e consciente sem precisar deixar a beleza, a vaidade e a autoestima em segundo plano.

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